domingo, 11 de setembro de 2011

TEMPO (Armando Cajueiro)



Preciso de tempo
Apenas de 85 anos é o que preciso
Não que não tenha força de persuasão
Mas tão somente para reforçar as teorias em práticas
E poder vivenciá-las
Preciso desse tempo para ver meu filho avô
E conversar com este velho a respeito de opiniões em que convergimos
E onde os dois estavam errados
É inútil o conselho
Senão no mesmo tempo de entendimento sobre o tempo
É pretensão achar que nos escutam, ou ainda que concordam
É preciso viver, e para isso é preciso tempo
Quero tempo para poder provar aos que acreditavam que eu era um engano
Que o engano maior foi acreditar que eu não era por falta de tempo
Quero tempo para cozinhar e degustar cada tempero ali colocado
Cada um no seu devido tempo
E sem olhar o tempo
Poder escolher bebida apropriada pelo gosto e vontade
Frio, quente, independente do tempo
E amar a mulher que eu amo
E dentro deste tempo e em tempo
Que ela possa retribuir ao vento todo tempo que tiver
E aqueles que odeiam, invejam, enganam e que tomam tempo
Possam ter tempo para enxergar que sou como o tempo
Não apenas passo, marco
Que eu posso usar todo tempo que me é dado para agradecer
E todo tempo agradecido para entender
Que o tempo não para, não avisa que vai acabar
Apenas passa o tempo

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